deles nada se sabe, a não ser quem realmente os vê. nada que
quatro boas paredes não escondam. se os mortos habitassem esta casa, à muito
teriam desistido de procurar a luz deste lar. talvez por isso se percam tanto
por cá. parte-se a alma, dizia à uns dias, algumas centenas deles talvez,
jurava eu que ainda existisse. alma e fé. fomos cobaias da não coragem, do não
amor, do não divórcio e do não mais, do não basta, do não chega. não terá
chegado mesmo? ruínas de vestido branco e alianças de prata. não sei mais
escrever sobre fome e guerra, criei uma greve de sentidos e uma abstinência à
dedicação. ela é escrava de nós, pois se tanto quer partir, sabe-se que só fica
por alguém que não ela. oh mãe, hoje sou tão mais velho que já não vou com
ninguém como as crianças. e eu disse-lhe e isso doí-lhe, pois sabe que nos
perdeu a inocência, quando nos cessou família com mutilações. queimaram-nos os
ouvidos tantas vezes que tiveram os olhos de aprender a ver melhor. sou tão
indiferente às escolhas que lido apenas com o que vem dos outros. mantenho-me
no meu sítio, acomodado às preferências do tempo. há quem diga que não acredita
num Deus interventivo, eu apenas perdi a crença em qualquer Deus que não o meu.
e isto é como dizer-lhe "desculpa mãe, se tu partires não julgues que
escolho ficar com o pai, porque afinal só escolhi ficar dentro das quatro
paredes que me escondem. não tenho culpa que também ele esteja por cá e que tu
não pretendas estar mais." no dia em que a última pedra desta casa cair, espero eu que reste ainda uma última porta, para eu fechar.
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