lanço canas de pesca ao
desamparo. marés de venenos e petróleos desguiados ao engano. nem peixes, nem
sermões, e eu era tão bom em ouvi-los.
de que adianta ter fome sem ter pão? o
fim é um culminar de aparições que te mudam o apetite das visões enxergadas no
passado.
pesquei dois sois, mas matei uma lua. esta praia está deserta e esta
chuva de pronomes lavou toda a gente em mágoa. calco sementes do demónio, as trevas
cozinham-me ervas daninhas e enquanto como, não mato mas engordo, às garfadas
de mentiras vegetarianas. tão cru que nem me sinto. asas de vento em ares de
tempestade. águas dopadas em perfumes de defuntos. ceifeiros em bagagens de
chegada para que os vivos não aterrem na praça deste mercado. só minha alma marralha:
como fui sem nunca ter chegado?
como parti de onde nunca
havia pousado?
oh morte não serei teu freguês.
tão cedo é o luar quando trazes fios de pesca sem sustento.
oh amor, também não serei
freguês. não como, só bebo choros de inferno em mares de
chamas, tempestade. e fosse essa a minha fome.
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