enganei-me nas palavras que
escrevi. havia encontrado um amor diferente e apliquei-lhe falas do costume. senti-o
das maneiras mais indevidas e encontrei nele a morte. senti frio na nossa cama e
saudade no seu abraço. temia mais do que o que dava porque sabia que amar-te distintamente
era perder-te de todas as formas, sempre que julgava conquistar-te. de tal diferença
as flores murchavam quando sorriamos pois por trás da felicidade escondida tínhamos
um defunto no sentimento que ecoava. o pôr-do-sol que nos fazia dar as mãos, encobria-se
no escuro de um fim de mar que nos arrefecia as almas. as estrelas do nosso
caminho, afinal não eram luminárias para um destino eterno, mas a paisagem de
menos um dia no calendário que nos mantinha juntos. mas fartei de viver de ti
há muito tempo. solucionei a morte que mantinha as tradições com a desunificação
entre aquilo que sente e aquilo que vê. guardei a alma num quarto desunida do
meu corpo. separei-me dos sentidos pois não me alimentavam mais. hoje vagueio
nas ruas como um fantasma coberto de pele e imito-te como um espirito que se
desvanece em pedaços nos reflexos inexistentes que a minha alma preservou. fechei
o espirito em casa em volta de pinturas sóbrias, em cinzas de tabaco mescladas
com o pó que resta das memórias, e do cheiro a mofo do que lá envelheceu. está lá,
com cores perdidas no telintar dos recreios do whisky e roupas deixadas, cerradas
agora em cofres para nunca o negro lhes tocar. vagueio pelas ruas como um vento
sem direcção, como água sem caminho, ou amor sem coração. passeio também as ruas
em mim, com cheiros a vómito das esquinas, na escuridão que a tua ausência
alucina e sonho que um dia chegarás perto num novo corpo. dessa vez fecharei o corpo
em casa, e dela libertarei a alma, pois do morto que lhe restar, estará o
sangue que a vida em mim rejuvenescerá quando bela vier abraçar-me o peito que
mais a precisa. a inocência de a desconhecer, dará amor que um abraço
conquistará. e novamente amarei diferente, e ela amará desigual ao igual de mim.
ela será diferente como um anjo de magia negra e eu serei um sábio imoral que só
não saberá de mim. outra vez.
Associo este texto a algo meu, a um sentimento meu. Descrito em textos. E, dou por mim, com olhos em lágrimas, tristes mas sobretudo felizes...por te lerem, por te lerem a alma.
ResponderEliminarQuanto ao que me disseste. Sabes, já lhe escrevi uma carta mas cheguei a não entregar. Porque ele arranjou um outro alguém mais rápido do que eu esperava. Há coisas que não disse e que ele devia realmente saber. A nossa amizade é um barco à deriva e está prestes a "morrer na maré". Obrigada :)
Obrigada. Vou "reescrever" a carta e ponderar realmente entregá-la.
ResponderEliminarTodos os dias tudo acaba.
ResponderEliminarBeijinho