Almas

20130418

antes, hoje. novamente.


enganei-me nas palavras que escrevi. havia encontrado um amor diferente e apliquei-lhe falas do costume. senti-o das maneiras mais indevidas e encontrei nele a morte. senti frio na nossa cama e saudade no seu abraço. temia mais do que o que dava porque sabia que amar-te distintamente era perder-te de todas as formas, sempre que julgava conquistar-te. de tal diferença as flores murchavam quando sorriamos pois por trás da felicidade escondida tínhamos um defunto no sentimento que ecoava. o pôr-do-sol que nos fazia dar as mãos, encobria-se no escuro de um fim de mar que nos arrefecia as almas. as estrelas do nosso caminho, afinal não eram luminárias para um destino eterno, mas a paisagem de menos um dia no calendário que nos mantinha juntos. mas fartei de viver de ti há muito tempo. solucionei a morte que mantinha as tradições com a desunificação entre aquilo que sente e aquilo que vê. guardei a alma num quarto desunida do meu corpo. separei-me dos sentidos pois não me alimentavam mais. hoje vagueio nas ruas como um fantasma coberto de pele e imito-te como um espirito que se desvanece em pedaços nos reflexos inexistentes que a minha alma preservou. fechei o espirito em casa em volta de pinturas sóbrias, em cinzas de tabaco mescladas com o pó que resta das memórias, e do cheiro a mofo do que lá envelheceu. está lá, com cores perdidas no telintar dos recreios do whisky e roupas deixadas, cerradas agora em cofres para nunca o negro lhes tocar. vagueio pelas ruas como um vento sem direcção, como água sem caminho, ou amor sem coração. passeio também as ruas em mim, com cheiros a vómito das esquinas, na escuridão que a tua ausência alucina e sonho que um dia chegarás perto num novo corpo. dessa vez fecharei o corpo em casa, e dela libertarei a alma, pois do morto que lhe restar, estará o sangue que a vida em mim rejuvenescerá quando bela vier abraçar-me o peito que mais a precisa. a inocência de a desconhecer, dará amor que um abraço conquistará. e novamente amarei diferente, e ela amará desigual ao igual de mim. ela será diferente como um anjo de magia negra e eu serei um sábio imoral que só não saberá de mim. outra vez.

3 comentários:

  1. Associo este texto a algo meu, a um sentimento meu. Descrito em textos. E, dou por mim, com olhos em lágrimas, tristes mas sobretudo felizes...por te lerem, por te lerem a alma.

    Quanto ao que me disseste. Sabes, já lhe escrevi uma carta mas cheguei a não entregar. Porque ele arranjou um outro alguém mais rápido do que eu esperava. Há coisas que não disse e que ele devia realmente saber. A nossa amizade é um barco à deriva e está prestes a "morrer na maré". Obrigada :)

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  2. Obrigada. Vou "reescrever" a carta e ponderar realmente entregá-la.

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  3. Todos os dias tudo acaba.
    Beijinho

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