alimentaste-me à janela com os
contos de bicicleta que escrevemos na praia. guiaste-me o caminho tantas vezes
no vermelho que me trazia da escola de tal forma que me sinto reconfortado só de
entrar nesse carro (vazio). ensinaste-me a trajar com a roupa do campo e a
tocar bombo com o ritmo da vida. deste-me a mão sempre por pura telepatia e
sorrias à minha alma com sóbrio amor paterno. nasci com o teu feitio e a
vontade de cantar estará sempre inata onde quer que estejamos os dois. já me
disseram que somos iguais. ensinaste-me a idolatrar-te involuntariamente,
porque cada gesto teu era o grito da ingenuidade mais bela dos homens. e eu tanto
queria ser como tu. sabe a ti cada trago de saudade e tento ver-te em mim cada
vez que me fixo no espelho. não descanso de tirar parecenças e sofro quando
não as encontro. hoje é dia do pai e continuo sem dar a devida importância ao
meu. tenho as lágrimas nos olhos porque não me esqueço de ti e sorrio por ainda
me poder lembrar. tiraram-te de mim demasiado cedo, ainda não tinha aprendido
tudo, ainda não tínhamos feito todas as viagens no mundo dos avós. lembro-me do
nosso ultimo abraço e da primeira vez que as lágrimas não se seguraram no teu
olhar e escorreram com medo da partida. 60 dias antes já palpitava no teu
interior o fim e 60 dias após as facas a caixa com o meu maior tesouro se
enterrava. nunca pensei ter coragem para carrega-la com tanta força, mas não
iria perdoar-me não dar tudo o que merecias de mim. despedi-me sem nunca te
largar de mim e deixei que te cobrissem com um manto de terra. quase há um ano que
olho o futuro de pernas para o ar, mando-te beijos quando passo pela cruz que
te guarda o pó e falo-te em silêncio para que descanses. não te verei nunca num
cortejo académico, nem tampouco me abraçarás na missa de finalistas. não
brindarei contigo o diploma de mestrado, nem testemunharás o casamento como meu
eterno padrinho. mas estarás lá que eu sei, sempre estivestes como um pai que
preferia ter. amar não chega para te dedicar nada, nem a água que neste momento
escorre como um rio de lágrimas é suficiente para representar tua falta. guardo
trapos teus e visto-os na esperança de te sentir mais perto de mim e levo o teu
sorriso para qualquer lugar que vá e espero, pelo dia em que te reencontre e te
possa repetir como na noite do teu aDeus "és o meu orgulho, amo-te muito
avô, vai em paz". foste avô com o título de pai, meu exemplo de vida, minha linha de comando e sentido de
oração. nunca poderei esquecer-me de ti, porque sou tu em grande parte de mim.
amo-te.
que tenhas sempre força e que consigas encontrar-vos no espelho, um abraço!
ResponderEliminarObrigada, de coração, por teres sido tão belo nas palavras que usaste para classificar o meu texto!
ResponderEliminarÉs um rapaz, não és? ...
Diz-me, se não tens ninguém para perder...porque que escreves para alguém?...porque que amas? "amo-te"...tu tens, mas já a perdeste...porque que não a tentas recuperar?...quem ama uma vez, ama para sempre...
Beijinhos,
Pensando com Arte - com carinho.
sim um rapaz. não escrevo para alguém, escrevo na pele de alguém. amo as pessoas e ultimamente tento imaginar-me no papel de algumas. não tenho ninguém para perder, mas sim já perdi. já foi o tempo em que tentei recupera-la. não fui eu que desisti, mas está muita coisa neste blog entre outubro 012 e janeiro 013. quem ama uma vez, ama sempre, disse-o muitas vezes aqui, mas as pessoas mudam, e aquilo que amei ontem não é mais igual hoje. e terminando com uma deixa de uma grande série (Californication):
Eliminar"Hank: Acho que estar em Nova Iorque me ajudou a esquecer que ainda te amo para caralho, Karen… Disse isto em voz alta, não disse?
Karen: E então? Eu ainda te amo. Amarei sempre, até ao dia em que morrer. Mas a dada altura tive de escolher a felicidade. Tive de fazer disso uma prioridade."
tive de tentar ser feliz, pois não poderia mais viver todos os dias no abismo e martirizar-me pelos erros cometidos. não, quando eu também fui uma vítima e não, quando dei tudo de mim, até lutar contra a minha família.
aqui acho que qualquer tipo de comentário seria inútil. Disseste tudo.
ResponderEliminarBeijo.
Uau, isto foi tão lindo *-*
ResponderEliminartremo com isto e são mil e um suspiros, porque é poderoso e intenso e talvez demais para caber em meras palavras minhas.
ResponderEliminarforça.
ResponderEliminarMuito obrigada pela opinião :) espero também, acredita.
ResponderEliminarEstá lindo, escreves tão bem, possa! :b
Adoro completamente todos os comentários que deixas no meu blog pq acabam sempre por mudar o meu ponto de vista...
ResponderEliminarEntão devo dizer que adoro aquilo que escreveste, como adoro sempre, e que realmente remete para o hiphop... Foi por isso que pensei que fosse de uma música.
Qual é o teu nome coração bom? Sim, coração bom, defino-te por tal por tudo o que me tens contado...sem medo...
ResponderEliminarSabes, acho que a tua historia é completamente saudavel nos tempos que correm, percebo, porque as vezes temos que dar espaço em nossas vidas..e nesse espaço que damos quem largamos e nos ama fica conosco quando voltamos quem não nos ama de verdade vai e não quer voltar...
Espero que tenhas voltado a sorrir e que não percas esse sorriso nunca!! Desejo-te toda a felicidade do mundo e infelizmente...sei que esta historia estará sempre a marcar os teus textos, até grandes autores fazem isso ...
um beijinho do tamanho do mundo,
pensando com arte,
deixa a tua opinião no novo texto!
Poderia comentar, palavras bonitas e dar-te elogios pela texto e força para o futuro...Mas será tudo inútil comparado com o texto. Um amor assim nunca morre.
ResponderEliminarQuanto ao meu texto, obrigada. E sabes, acho que no fundo, de formas diferentes, somos "mais iguais" do que o que pensamos.
Beijinho
Tão lindo, puro... e triste ao mesmo tempo. A dor de perder alguém nunca passa nem atenua, apenas vamos aprendendo a domá-la. Espero que um dia consigas ter a tua domada.
ResponderEliminarUm beijinho*
Está fantástico.
ResponderEliminarSigo.