os gritos dos fantasmas ecoam-me em choro, este banco está vestido de nada e a velha cruz ao meu lado crava as rezas destas bruxas em círios. esta colina está despida do tempo, as horas não passam mais depressa que a dor dos que param pelo purgatório. este lobo que me uiva do altar está cego das invejas do seu povo, não vê, mas sente como eu que as suas noites não serão mais dia, em breve. os joelhos, meus joelhos estão já gastos, as palmas destas mãos não tem linhas que lhes escrevam esperança. o diabo está comigo neste lado e a vitória é de quem lhe roubar mais almas. ele é tão fraco quanto eu e o desejo de Deus só existe para nos ver morrer, (em luz). os demónios encorajam-me à preguiça, e os anjos não me ouvem porque os traí. eu roguei que não nos deixassem ir, mas o destino era já negro para nós. oh maldade divina livra-me desta morte cruel. oh luz, ergue-me o ser que me combóie no amor e me cure deste mal tão frio. este cemitério é tão vazio de flores e estes corpos não são mais transporte para as almas que voaram daqui. vou sair. esta energia é fogo preto para o bem, é morte contada para mim e é a angustia certa de quem cá vier. vou sair. este portão não tem chave para trancar, porque as profecias juram que hei-de voltar pra cá. vou sair, vou declarar morte a ti e finar esta campa de vez. morri.
o teu texto está tão triste e simultaneamente tão deslumbrante de ler
ResponderEliminarmuito forte. ''estes corpos não são mais transporte para as almas que voaram daqui''
ResponderEliminarde nada ;)
ResponderEliminargostei de ler o teu comentário :*
Tu devias de escrever um livro, pequeno kowo.
ResponderEliminarEpá, eu pedi-te pra escreves um livro mas tipo também seria incapaz de escrever um livro.
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