sou uma viúva deitada, nas bermas do cancro
e dos buracos de mim.
sou um muro de panos rasgados, nos termos do ódio
e da vergonha de mim.
sou um vestido de noiva, nos passos de uma negra balsa
e de um cortejo fúnebre de mim.
se me ergo ou se me engano.
se me dispo ou se me esgano.
nada resta de mim.
sou o que resta do fim de nada, nas pedras que calquei
nas madrugadas em que dormi, sem ti.
sou o que sobra da guerra, nos sacrifícios da fome
e do amor por mim.
se me ergo, mato-me. sem ti.
se me dispo, não sou mais ninguém. sem ti.
e se esta ilusão me mata,
nada sobra para me fazer viver amanhã,
se de mim nada restará.
sou uma nuvem de perda, nas lágrimas que chovem dentro de mim
e do ácido de ti.
sou um aDeus imaculado, no remorso do que perdi
e para quem parti.
sou as moedas que gastei, no mercado do escárnio, que abatem
sobre mim
e do que se abate sobre mim.
morri.
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