como estás? perguntou. de frio
antes que a estrutura abalasse, "queres mesmo saber?". terá sido o
suficiente para destabilizar quem se esforçava para não cair. oh pai.
sento no chão frio. cheira a
húmido, penso.
entrelaço os dedos nos membros cruzados
enquanto me agarro para não me bater.
o corpo gela silenciosamente.
a paranóia bate lentamente e
apercebo-me só quando já afundado nela. os livros deveriam ser seis para cada
lado. distraio-me da tormenta com estes pensamentos alinhados. mas não lhes
toco, sou incapaz agora de sentir.
respiro moderadamente.
descontrolo-me porém, solto com violência os dedos gelados e agarro o cabelo, puxo-o
mas não sai. oh de mim. uso do que tenho, sirvo-me do que
é meu e mordo-me onde posso. repudio o que há de sujo em mim, e tento
rasgar-me.
bato a cabeça na parede com força
suficiente para o barulho da batida se sobrepor às vozes. canso-me. sinto dor
finalmente e paro.
os olhos deixam-se secar e ardem
em sal e lágrimas secas agora. ao lado tenho um corpo e alma que me observa com
os olhos da mente. cabeça baixa. mãos trémulas e braços apoiados nos joelhos
que o sentam. apercebo-me meu irmão, enquanto tento recuperar a compostura para
que não continues tendo tal exemplo. que me perdoes assistir a isto também de mim.
compreendo nestes instantes a tua maneira de ser. quem tanto carrega, por algum lado tem
de vazar.
"cuidado como falas"
gritei-lhe ao inicio pois estaria a cobrar-me o silêncio em que me tentava
controlar. e terá sido o bastante para descontrolar o barulho em mim. enfim, mãe...
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