Almas

20130712

mãe, sou órfão


esferas perfeitas moribundas em espaços de barrigas de cavalheiros medievais. nobrezas conquistadas por um qualquer estandarte que decapita louvores. e essa mãe, resignada a míseros lençóis lavrados da terra vermelha, onde crianças procuravam o destino da tal linha da palma da mão. filhos de uma qualquer mãe analfabeta, talvez loba, mas que amava cada órfão sem os saber escrever. oh mas tanto se lê dos olhos. não fosse tonta escrava. oh tanto se esconde no olhar. escolhe uma lógica para a vida e decora-a com um sonho. um dos feios, bruxa, para que a verdade acordada não te deixe desiludir os encantos adormecidos. o céu é preto, lembrei-me - não tem sabedoria, eu sei – mas o céu é preto mãe, e eu sou órfão. ai bruxa, eu sonhei acordar-te sobre aqueles lençóis tingidos a sangue, mas a vida esqueceu-me, pobrezinho. e eu não sei mentir às escuras, e o céu é preto, mãe. e eu sou órfão. tenho medo. coitadinho.

6 comentários:

  1. Obrigada J. Nao sabes a coragem que me deu ler o teu comentário :)

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  2. és perigoso no que toca a palavras

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  3. Nunca vi ninguém a escrever como tu, és sem dúvida singular!

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  4. Adorei, simplesmente deixaste-me sem palavras.
    adoro a forma como escreves e aquilo que transmites nos teus textos.

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  5. Nunca encontrei mal nenhum em ser-se órfão.
    a solidão pode por vezes ser o melhor caminho!
    Beijninho

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  6. e o preto tem tantas cores dentro de si e nenhuma delas é órfã de sentido.

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