paredes de quartos
desavergonhadas de tristeza. o amor pra nós era breve e sabíamos sempre que o
fim iria chegar. as paredes não eram mais que paredes e cheiravam às retinas
que nos liam os pensamentos envoltas do nosso prazer. tínhamos medo de chegar
perto um do outro porque era mais aquilo que desconhecíamos do que aquilo que prevíamos.
preferíamos escrever ao invés de sorrir porque não nos conhecíamos o suficiente
para perceber se esses seriam irónicos. perfumes a rosas bravas feitas nas
palavras sobre nós. espinhos da imprudência onde a rebeldia se perdia. por vezes
prendias-me nas tristezas quando me desapegavas dos vazios. não sabia o que sentia
nem a que cheirava, porque a monstruosidades das peças que me completavam o
corpo desfaziam-se cada vez mais nos segredos da chuva. outras vezes picava a
pele para ver se ainda havia sangue que escorresse, para sentir se a leveza era
um manto de beleza ou a doença que havia em mim. era um amor sentido de mais
por quem não merecia o chão que me pisava. foi o fim dos dias da criança em
mim. uma noite seguraste-me a mão e pediste-me que te odiasse. o coração mentiu
e das tuas asas voou a morte. eu tampouco fui capaz e também morri sem ser
capaz de te repudiar pela mentira que foi o nosso aDeus. mas foi. verdade.
Morrer assim é o que todos queremos.
ResponderEliminarBeijinho
Estava a ler o teu texto ao som de reminiscence de brian crain e foi absolutamente arrepiamente. Now I can die in piece :) Aliás, posso sempre quando venho cá ler-te!
ResponderEliminarE agora que te encontras morto , que resta de ti ?
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