Almas

20130420

paredes de aDeus


paredes de quartos desavergonhadas de tristeza. o amor pra nós era breve e sabíamos sempre que o fim iria chegar. as paredes não eram mais que paredes e cheiravam às retinas que nos liam os pensamentos envoltas do nosso prazer. tínhamos medo de chegar perto um do outro porque era mais aquilo que desconhecíamos do que aquilo que prevíamos. preferíamos escrever ao invés de sorrir porque não nos conhecíamos o suficiente para perceber se esses seriam irónicos. perfumes a rosas bravas feitas nas palavras sobre nós. espinhos da imprudência onde a rebeldia se perdia. por vezes prendias-me nas tristezas quando me desapegavas dos vazios. não sabia o que sentia nem a que cheirava, porque a monstruosidades das peças que me completavam o corpo desfaziam-se cada vez mais nos segredos da chuva. outras vezes picava a pele para ver se ainda havia sangue que escorresse, para sentir se a leveza era um manto de beleza ou a doença que havia em mim. era um amor sentido de mais por quem não merecia o chão que me pisava. foi o fim dos dias da criança em mim. uma noite seguraste-me a mão e pediste-me que te odiasse. o coração mentiu e das tuas asas voou a morte. eu tampouco fui capaz e também morri sem ser capaz de te repudiar pela mentira que foi o nosso aDeus. mas foi. verdade.

3 comentários:

  1. Morrer assim é o que todos queremos.
    Beijinho

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  2. Estava a ler o teu texto ao som de reminiscence de brian crain e foi absolutamente arrepiamente. Now I can die in piece :) Aliás, posso sempre quando venho cá ler-te!

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  3. E agora que te encontras morto , que resta de ti ?

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