Almas

20130303

diferente amar negro

não reages como os outros. és diferente e ninguém sabe. ninguém te vê e ainda assim teimas em respirar. vestes-te em preto porque ninguém te cheira a pele e toda tu és cheia de luto. carregas um fardo de mágoas por trás desse negro vestido e teimas em respirar. procuras entender os medos do teu próprio nome e rezas para que ninguém desvende os teus segredos mais cruéis. não pertences aqui e tu sabes. sentes-te negra porque os segundos que passam neste tempo, são batimentos perdidos noutro mundo. sentes-te perdida de ti, não por seres má, mas sim por não teres uma alma que te deixe ser boa. os sentimentos que te correm as veias estão camuflados pelo ódio que te suga a dor e te faz cegar o peito. chorar para lá da morte é tão pouco que te torna sádica a experiência de sorrir. sorrir para lá da morte é tão sádico que se torna pouco a experiência de viver. porém vive, ou morre se preferes. deixa-te levar pelo cinzento que aparece ao de leve do negro  que lamentas. agarra-te à dor e usa-a para amares incondicionalmente quem te abriga. almas sobrevivem sozinhas, mas vivem para lá do tempo quando se encontram aos pares. são doces se o negro lhes levar o nome, mas não deixam de ser puras porque ninguém lhes leva a essência. o brilho dos olhos afugenta muitos monstros, mas os anjos deste mundo lutarão para te ensinar a amar. por isso deixa. deixa o preto do fumo que te escurece o sorriso e morde o tempo que te ama a alma que escolheu pertencer-te. e sê feliz, com o cinzento que desbota do negro preto e deixa ao peito ver para além das cores, para além de um espelho que aparenta ser-te feio e que no fundo até o é. mas ninguém é bonito como pensas e ninguém é tão feliz como aparenta ser. viver por vezes custa, mas sofrer também custa e tu deixas, por isso tenta. e se quiseres tentar comigo estamos juntos para encontrar um caminho fora do negro que nos ame aos dois, porque sabes tão bem quanto eu que também não pertenço aqui. sou como tu e por isso se torna sádica a experiência de me amares. sou diferente e tu sabes. porque não reajo como os outros e ninguém me vê, mas ainda assim teimo em respirar. talvez por ti, só por ti.

4 comentários:

  1. Sabes, identifiquei-me com a personagem que descrever aqui. Não pelo negro dela, talvez seja o oposto dela, mas ainda assim identifiquei-me.

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  2. É normal, só eu me conheço deste jeito, muito além palavras e acções... ;)

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  3. Em parte considero-me como a personagem que criaste na forma como reage e vê os outros. Continua com estes textos fantásticos! :D

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