Almas

20121231

sempre. tempo. amar.


não há luz que me ilumine, nem sombra que me carregue. os pecados que nos rogam não nos matam, nem engordam, sublimam-se no tempo que nos espera. falta de mais ser carne viva, falta de mais ser corpo molhado, sobra de mais ser eu, seres tu, não nós. sobra nada, sobra tudo, até a chuva chora comigo e cantamos juntos para ti. mais um fantasma no meu quarto, mais uma alma que vagueia neste plano enquanto me chama para me levar. vou-me limpar, este álcool é mais puro que os meus conselheiros, ele não me mente, só às vezes me ilude como o tempo. esta janela não é mundo, é escrava dos que dela se servem para espreitar. as luzes estão tristes, as ruas estão presas ao inferno e o tempo não muda os discos riscados com os mesmos sentimentos de sempre, as mesmas dúvidas e questões, os mesmos venenos do exterior. o tempo não muda, não faz nada, não queima nem arde, o tempo não sente, só passa e o que passa não volta, mas pode começar sempre num novo presente. limpei-me. os defumos não me afastam os traidores e mentirosos, mas afastam os cinzentos que me pesam as costas e correm em sombras nesta casa vazia. alimentam-se de mim e eu alimento-me de amor, que não tenho, por isso me deixo morrer todos os dias um pouco mais, um pouco menos. sempre menos de mim, sempre mais para ti. o sempre não existe, mas sempre há-de existir o tempo de nós, o tempo. o amor. mas nós...nós já fomos de outro tempo e poderíamos ser deste também. em tempo, de amor. amei-te. talvez sempre te ame, mas o sempre não existe, no tempo. amor.

5 comentários:

  1. Um bom ano para ti também :)

    ResponderEliminar
  2. E volto a dizer, tens amor mas está adormecido. Não te deixes morrer.
    Que 2013 seja de novas pessoas e novos sorrisos :)

    ResponderEliminar