um dia saberei que voei mais que o tempo e sonhei mais que a sorte. que tive o melhor de ti e que te dei o melhor de mim. um dia decidirás partir e eu ficarei. terei saudades do que fomos e agarrarei junto do peito todas os registos que sorrimos ao talento dos fotógrafos. lembrarei o que nos quisemos e gritarei pelos vampiros na noite que fomos, anónimos unidos às maiores tristezas da terra e apesar de tanto, sempre sorrimos. fugidos à vida enquanto a vida corria por nós e partilhávamos o melhor dela, em paz, quase a morte.
um dia amei-te, meu amigo. hoje amo-te mais e desfaço pedaços de mim por não te poder abraçar.
um dia serão caminhos distantes, famílias novas onde tu serás chefe. será o peso da velhice e os remorsos de um até já demasiado prolongado. um dia será saudade de te ver, de ouvir e abraçar, e então saberemos que um dia será a morte a nos chamar. chorarei por ti, por te ter deixado ir e amar outra vida, tão tua, sem nós. um dia choverá, e nesse mesmo dia me despedirei eternamente de ti, ou tu de mim. um dia olharemos o redor e já só estará um de nós. uma noite morrerei no tempo, e depois tu, e um nunca mais nós. um adeus infinito que nos juntará as almas e fará parar os nossos corações já velhos, e aí, novamente amigos, dessa vez para sempre. nessa vez para sempre.
Amén.
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