Almas

20120118

caminho de fortuna fúnebre

uma alma esquecida, um cervo predestinado ás malícias alheias da magia mais obscura. rosto pintado, tintas de sarranho em olhos negros e sedentos. vibra, vibra o chão a cada passo deste personagem. cabeça baixa, lábios sangrentos numa face temida, caminha pelas ruelas desta cidade profunda. inquietante o silêncio, antiquado prazer do brilho prata dos seus velhos luxos. veste trapos, mas despe na sua essência a maldade de uma criatura viril que representa a mágoa do seu precioso músculo arterial. seco, criado num vale de fraquezas e vinganças, saberá já o seu fim, mas prefere ainda vaguear. morrerá então num dia ao sol, já que, é a noite que o alimenta. sorte tem, pois  terá apenas de escolher uma hora. nem as palavras das profecias serão lidas em murmúrios arrepiantes, nem nessa hora a paz será dona dele, pois também ele não a procurará. alma perdida, ficará por cá até uma nova forma tomar, até um novo corpo aniquilar, quem sabe se não o teu que invocará.

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