se a alma murchar regamos-lhe o
pranto. se o corpo cair enterramo-lo só. se tudo se for e tudo se vai um dia.
se tudo ficar "e tudo fica se nenhum de nós ceder". se a alma murchar
regamos-lhe o pranto. se as almas murcharem atamo-las ao vento para que partam juntas.
acima de todas as coisas abaixo do céu e o que restar acima disso para
contemplar. uma alma só. se o tempo não chegar mas a dor for grande. e se o
coração partir com os fantasmas e
decidirem caminhar juntos. se precisar de me esconder. se precisar de me
esconder de ti, esconder-me-ei dentro de ti. se não tiver onde me esconder
então dispo-me e morrerei na tua frente. sem vergonha de ter morrido antes. ou
com toda a vergonha de me ter partido. de me ser tão frágil. quantas vezes um
cancro há-de vir para me quebrar? não esperar o amor. decidir terminá-lo depois
da morte. talvez seja esse o teu segredo, avó. deixar morrer, aceitar a morte e
não esperar nenhuma outra. um grande amor e quantos anos resistirá a solidão do
corpo? e quantas vezes ainda lhe beijas a alma? quantas vezes te despediste
dele depois de morreres tu também? o que sobra? o que resta? é sempre tão mais
que nada. "e tudo fica se nenhum de nós ceder". mas a natureza não
cede. e por mais que se dobre um dia volta com a força de «Deus». toda
poderosa, arruinadora de laços, arremessadora de estilhaços crus. nada mais
importa. seja tarde, melhor que nunca e destruir toda a mentira que criei. sem
natureza. a tua, desconhecida natureza. mas, segue-a agora e preserva o que
melhor de ti terás. e não te percas. deixa-me falhar e eu deixo-te ir. voar.
leva-me contigo. termina-me. quando terminares não quererei ser continuado. mas
voa, já devias ter voado. talvez antes de eu chegar. talvez para me renascer.
das cinzas. fénix. quando me chamas nomes bonitos. Deusa. Vénus de Seda. Alma
de Júpiter. Papel de Renda. Meu Pedaço. teu, kowo. até minha alma murchar. rega-me
o pranto.
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