nunca contei dias porque eram as
noites que me matavam. e a vida passou tão rápido, que a luz perdeu-se para ser
contada por palavras em cantos escuros.
nunca soube esperar, mas foi a
espera que o tempo mudou. secou a morte, tão suja quanto opaca para a verdade e
um renascer de nada nos berros de uma dúzia de garrafas com sabores de lúpulo e
águas embriagadas.
nunca soube morrer e saberá a
vida reconhecer-me a proeza de existir em modo neutro, na respiração meia breve
que o passado prende, ou no suspiro acelerado que o futuro me pede, não
sentindo.
nunca soube sentir, para além de
amar sem ódio inimigo, porque até esses eu cuidaria se tivesse a morte de optar
entre mim ou eles. e nem o negro que me acompanhou, nem o capuz de desespero
nas baladas ao luar que fizeram chorar as estrelas no inverno me cicatrizaram a
pele das memórias desse amar de morte que em mim carrego.
nunca. ora vivo, ora defunto, ora
sóbrio de alcoolemia minha, nunca serei de cá, porque tampouco algum dia me
deixaram ser de almas que nunca me foram negras quanto os sonhos. esses, nunca os
provei vestidos de branco, nem as alucinações me deixaram ver outra cor. ora morto,
ora renascido, ora bêbedo de sobriedade minha, nunca serei de lá, porque
tampouco algum dia me deixaria ser de almas que nunca foram minhas, mesmo que fossem brancas quanto a verdade de existirmos.
"nunca soube morrer e saberá a vida reconhecer-me a proeza de existir em modo neutro" de gelar os ossos, kowo. és suspiros galácticos do lado oculto da esfera.
ResponderEliminar"nunca soube sentir, para além de amar sem ódio inimigo, porque até esses eu cuidaria se tivesse a morte de optar entre mim ou eles."
ResponderEliminarNão é preciso dizer mais. :)
obrigada por estares atento. tambem ja nao passo por aqui a algum tempo. nao ando com tempo para leituras. mas nao ha nada para dizer se nao o que escrevo. nao era ele, se fosse nao teria sido assim.
ResponderEliminarO último parágrafo está qualquer coisa de fantástico. Escreves com uma alma obscura fascinante e nunca deixes de escrever, por favor!
ResponderEliminarBeijo!
tão belo, deambulo pelas palavras.
ResponderEliminarJá tinha saudades dos teus comentários..eheh
ResponderEliminarEu tive uma fase má mas nada que um novo animal de estimação não mude portanto eu estou a "atacar" novos post's :)
E a minha frase..eu acredito que ela é verdade. Todos nós somos suficientes. Não que não possamos ser mais mas o que somos é bastante ... :)
Um beijinho