já contemplaste quão bonita és?
és feita de nódoas negras e de cicatrizes invulgares das conquistas que os
comuns dos mortais nunca chegam a alcançar. saberás quão poderosa é a tua
mente? pergunto-me se serás feita de pedra nos ossos que alimentam a tua
estrutura ou de vazio que te corre nas veias ao invés do sangue que te escorre
pelo olhar? afogas-te em lágrimas ou os teus banhos são secos de sal e morte,
onde os cremes que te nutrem a pele apenas rasgam ainda mais o que dela se
despedaça? alimentas vida nos desejos dos teus sonhos, ou morres em cada passo
que tentas dar, sem descobrir que a vida é apenas inútil? é de ti ser cruel,
conquistando encobertos horizontes, ou é apenas descomplicada a forma como admiras
a paisagem que dança contigo à noite antes de deitares? és a astúcia dos
desejos ou a rebeldia dos compromissos? ou um misto de géneros que te deixa
encarar a terra como um pedaço de sossego e as pessoas como pedaços desassossegados,
no qual não te consegues definir, pois amas o natural mas também desejas o pudico?
és de palavras bem ditas ou de sentimentos não ditos, irreais até, que existem
para além do que é o ser existente? és a mágoa de perder alguém ou preferirás
ser o pior dissabor de um sentimento não comum? és como eu ou és só tu?
diferentes em todos os sentidos, sem um toque de homogeneidades subtis? és um
pedaço de bronze embutido numa alma de ouro, ou és o chumbo que pesa nos corvos
tatuados no teu corpo? és verniz estalado em mobílias antigas que gritam o teu
nome, ou és tinta pulsante, rica de odores aborrecidos que se sentem na tua
pele? és doença, ou és a cura? é o teu respirar maior que a vontade de morrer,
ou são os teus gemidos menores que um coração acabado de morrer? és o que
alimentas em mim, ou o que desejas alimentar de ti, como se eu te alimentasse
também sem que nada nos fizesse encontrar no mesmo corpo? és tu de mim ou de
cada um dos que te tentam, no inferno que nos há-de tornar em despedida, ou na
chuva que nos fará chorar perante o frio de tantas almas distantes? és tu tão distinta
disto, ou é a tua mente tão imperceptivelmente opaca, que não me deixa ver para
lá do sol que te serve de manto?
Este teu texto fez-me lembrar Bruno Mars com aquela música dele tremendamente conhecida ;) Contudo, tomara ele ter tido as tuas palavras na música. Acho que deixaste bem patente a beleza da imperfeição ou daquilo rotulado como tal. Demonstraste ainda mais a beleza nas palavras, o que é mais importante!Muito bem, mais uma vez! *-*
ResponderEliminarMuito bom... Brutal este texto. escreves maravilhosamente e com uma intensidade que se sente.. transparece.
ResponderEliminarDesta vez não te consigo comentar.
ResponderEliminarBeijinho e espero-te bem.
Inspiras-te-te em quem, hum?
ResponderEliminarDesculpa a ausência.
brutalmente a chegar aos céus dos ímpares claps e dos negros sentimentos, tão fortes como as almas de que falas. Lindo!
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