um presépio de mortos vivos com luzes de velas gastas. nem vivo, nem morto, não há cor para esta época de paz. as sombras dos pinheiros são mais negras do que a noite e os gritos dos pastores são o canto doce dos demónios de Deus que me gritam aos ouvidos. o que iria eu festejar? a estrela de belém que paira sobre a cabana é hoje apenas um farol que ilumina os piratas em alto mar. brindam esses escravos juntos com a morte que se ri bêbeda com eles. vou juntar-me à festa dessas garrafas, e desta vez não haverá mensagem para enviar em plena madrugada, pois apaguei-te da minha lista preferida. reza a lenda que o amor nasce agora, a loucura dá-se aos homens e a paixão às suas amadas. mas não para mim. não para nós se já esqueceste o meu peito. então o porquê dessa voz tão triste? sou só eu a deixar-me morrer. se não me queres, devo partir para que ames outro ser. quero que vivas a tua felicidade com outro alguém se a mim não desejas. o tempo teima em falar-me de ti, mas pareces-me tão morta. está cinza e turva a imagem com que te vejo. será do tempo que passou desde o nosso último toque? ai agosto o que eu te quero fazer voltar. ai mar que já não me alivias a dor. ai vida, que isto é ver-nos morrer. este vinte e quatro não há prendas para te dar, este mês não há rendas nem meias de vidro para rasgar. o que eu amava esse presente. o que eu amava só te cheirar. o que eu odeio sentir por nós, tão sozinho. o que eu me odeio por nós. palerma, cobarde tão fraco. estúpido, o amor é estúpido e ele não nos conhece. mas a mim, a mim mata-me porque sei quem ele é.
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