Almas

20121128

dezembro.maio.mar


imaginemos viana varrida. varrida por água. imaginemos tudo o que está como não está. imaginemos a nossa cidade rodeada de mar sendo invadida por ele. imaginemos a história da nossa cidade a voltar. só os mortos sabem que a nossa marginal era só rio. imaginemos viana sem a avenida dos combatentes. a grande guerra agora será outra. imaginemos o grande barco doutros tempos atracado a meio desta avenida. imaginem todos os nossos encontros nocturnos junto à praça do rio que gritava liberdade. nada mais será como antes. nem bombeiros, nem policia, nem médicos, só Deus e os anjos. eles não vos irão socorrer, pois também eles necessitarão de ajuda. nem os hospitais serão palco para vos acolher, nem tão pouco os cemitérios darão conta do que aí vem. imaginemo-nos sem luz, imaginemo-nos sem comunicação. agora imaginem os mortos, essas almas perdidas à procura de luz de quem os consegue ver. teremos nos olhos a força de os guiar para a luz. imaginemos viana sem pontes, sem os teus amigos, sem os meus e tanta gente que conheces que se perderá na força das águas que virão. imaginemos a tragédia. imaginemos a destruição do que aí vem, imaginemos o caminho de santa luzia a ser caminho para a praia. imaginemos que o mundo tinha valores e isto não era preciso. nem imaginámos a era de mudança que se avizinha. não imaginamos que o amor guia os homens e que apenas isso bastaria para sobreviver. já imaginaram esta viana repetida por tantas outras cidades do litoral? não imaginem, esperem para ver o que aí vem. e não fujam, porque quem tiver de morrer, morrerá com certeza. adeus vaidade, adeus luxuria, adeus dinheiro que vos acode, adeus traidores e adeus loucos da magia negra. trabalhasses vós para o bem e o mundo estaria salvo. adeus à cidade que conheço. adeus em dezembro, adeus em maio. logo perceberão porquê. somente aDeus.



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